Igreja Velha
A Igreja Velha, de arquitectura românica, data do século XVII, mas com importantes mutações, vislumbrando-se uma fachada renascentista.
Da Igreja Velha de Real resta apenas um conjunto da antiga fábrica românica, pórtico e uma estela funerária encravada no muro sul.
O pórtico é constituído por dois fustes e capitéis de ambos os lados da porta da entrada e os elementos figurativos formam parte dos já comentados e relacionados com temática vegetativa: símbolo cósmico que evoca a natureza, e todas as suas personificações que tanto emanam daquele símbolo central e universal como é a árvore da vida que nos lembra a regeneração mítica das virtudes do ser humano integrado em Deus. Aqui está manifestado o binómio eucarístico do pão e do vinho.
O primeiro capitel da direita representa o pão com espiga exaltada. O segundo capitel representa a palha do cereal, entrecruzada e deixando no meio um vazio romboidal. O primeiro capitel da esquerda é dedicado à videira num formato onde se misturam outros monumentos labirínticos, circulares e romboidais de exaltação cósmica. O segundo corresponde à mesma leitura.
Nos fustes também há elementos simbólicos diferenciados. Os dois primeiros da entrada são circulares e simbolizam a perfeição do centro (Deus) com seus membros. O fuste românico simboliza, ao mesmo tempo, a palavra de Cristo. Por sua vez, os fustes interiores têm uma estrutura octogonal relacionada com o equilíbrio cósmico.
A estela funerária que, presumivelmente, procede do interior do templo e está em péssimo estado de conservação mantém ainda, os seus símbolos que, caracterizam o defunto que, pelos atributos que aqui se expressam, era membro da hierarquia eclesiástica. Esta tem uma compacta, harmónica e lúcida riqueza simbólica que abarca a luminosa vida que começa na morte, segundo a leitura simbólica que parte das interpretações evangélicas.
A totalidade dos símbolos que na Igreja se expressam, são nove, número que tem um significado intenso e relacionado com a tradição da vida e da morte.
No centro geométrico está uma cruz latina com três espirais de cada lado e na parte superior uma cabeça. Na superior esquerda, há uma cruz com auréola. A cruz latina é o atributo cristão do falecido.
As seis espirais são dobles que significam o eterno retorno. A espiral é um símbolo universal que uma diversidade de culturas tem configurado de diversas formas simbolistas.
A cruz de quatro travessas ou braços iguais dentro de uma auréola legitima a ressurreição de Cristo (triunfo da cruz), vitória sobre a morte.
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